quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

         " A FELICIDADE  ESTÁ MAIS EM DAR DO QUE EM RECEBER"

     A Quaresma, tempo "forte" de oração,de jejum e de compromisso com todos os que passam necessidade,oferece a cada cristão a possibilidade de se preparar para a Páscoa através de um sério discernimento da própria voda,confrontando-se especialmente com  Palavra de Deus.
    Como guia da reflexão quaresmal,vou propor a frase dos Atos dos Apóstolos:"A felicidade está mais em dar do que em receber" (20,35)Não se trata de uma simples solicitação moral,nem de um imperativo externo ao homem.A inclinação ao dom está inscrito genuína e profundamente no coração humano: cada pessoa percebe o desejo de entrar em contato com os outros,e realiza-se plenamente a si própria. quando se dá livremente aos outros.
     Infelizmente,a nossa época está influenciada por uma mentalidade particularmente sensível ás sugestões do egoísmo,sempre pronto a despertar-se no espírito humano.No âmbito social,em particular nos mass-mídia,a pessoa é frequentemente solicitada por mensagens que insistentemente,de modo aberto ou dissimulado,exaltam a cultura do   efêmero e do hedoísmo. Mesmo não deixando de atender aos outros por ocasião de calamidades ambientais ou de guerras,de modo geral não é fácil promover  uma cultura da solidariedade.O espírito do mundo altera  a inclinação interior para o dom desinteressado de si mesmo aos outros,induzindo a  satisfazer interesses particulares.O desejo de acumular bens é sempre mais incentivado.É sem dúvida, natural e justo que cada qual,através do uso das próprias qualidades e o exercício do próprio trabalho,se esforce por obter aquilo de que necessita para viver,mas a exagerada ambição de possuir impede a criatura humana de abrir-se ao Criador e aos seus semelhantes .Como são válidas em todas as épocas as palavras de Paulo a Timóteo:'A raiz de todos os males é o amor  ao dinheiro,por causa do qual alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições"(1Tim 6,10).
     "A felicidade está mais em dar do que em receber".
     Aderindo á solicitação interior de dar-se pessoalmente aos outros sem nada pretender,o fiel experimenta uma profunda satisfação interior.
     O esforço do cristão em promover a justiça,a sua ação humanitária de conseguir pão para quem falta e de curar os enfermos atendendo a todas as emergências e necessidades,extraem força daquele singular e inesgotável tesouro de amor que é a entrega total de Jesus ao Pai.O fiel é levado a seguir os passos de Cristo,verdadeiro Deus e verdadeiro Homem,entregando-se a nós com um amor total e desinteressado,até á morte na cruz.
    O Filho de Deus amou-nos primeiro,quando éramos " pecadores"(Rom.5,8)sem nada pretender,nem impor-nos a priori qualquer condição.Diante desta constatação,como não ver na Quaresma a ocasião propícia para  corajosas opções de altruísmo e generosidade? Ela  proporciona a arma prática e eficaz do jejum e da esmola para lutar contra o desmedido apego ao dinheiro.Privar-se não só do supérfluo,mas também de algo mais para distribuí-lo a quem passa necessidade,contribui para aquele desprendimento de si próprio sem o qual não há autêntica prática de vida cristã. Além disso,o batizado alimentando-se com uma contínua oração,demonstra a efetiva prioridade que Deus assume na sua  existência..
     Ao homem de hoje,muitas vezes insatisfeito com uma existência vazia e efêmera e á procura da alegria e do amor autênticos,Cristo propõe o próprio exemplo convidando a seguí-lo. A quem O ouve,Ele pede para  consumir a vida pelos irmãos.Desta dedicação,nascem a plena realização de si mesmo e a alegria como demonstra o exemplo eloquente daqueles  homens e mulheres que, renunciando á própria tranquilidade,não hesitaram em gastar a própria vida como missionários nas diversas partes do mundo.
     O serviço aos necessitados pode ser,para os "afastados",um caminho providencial para encontrar a Cristo,porque o Senhor se excede no prêmio por todo o dom feito ao próximo( cf .Mt. 25,40).
     Desejo vivamente que a Quaresma seja para os crentes um período propício para propagar e testemunhar o Evangelho da caridade em todo o lugar,pois a vocação á caridade constitui o âmago de toda a autêntica evangelização.Isto mesmo confio á intercessão de Maria,Mãe de Igreja.Seja Ela quem nos acompanhe no itinerário quaresmal,com tais sentimentos no coração.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012


  •                                                                                                                                                                                                                                           
                                              NOS BRAÇOS DE UM PAI PRÓDIGO

  •      Na  parábola do filho pródigo,a personagem mais importante não é o filho desnaturado que acaba estorquindo da herança a parte que lhe cabe,que sai pelo mundo vivendo desregradamente e retorna para a casa  em farrapos e sem mais nada,além da vergonha e do fracasso.Não.Tudo isso  aconteceu,porém,a personagem principal é o pai.O pai cheio de misericórdia que sempre esperou pelo filho de volta.O pai que,contra toda esperança, tinha no coração uma certeza:"MAIS DIA ,MENOS DIA,MEU FILHO VAI VOLTAR! SE NÃO CONSEGUI SEGURÁ-LO PELO AMOR, EU VOU RESGATÁ-LO PELA DOR! ELE  VAI VOLTAR!"E lá estava o pai de braços abertos.
  •      Se o filho precisava voltar porque tinha perdido tudo,o pai o precisava de volta para ganhar tudo:seu filho.
  • Isso bastava.Não importava a herança perdida.Não importava a situação deplorável do filho...Aquilo lhe cortava o coração,mas tinha seu filho de volta.E isso era tudo.Naquele dia houve festa .Festa na Terra e festa no Céu.! "Este meu filho estava morto e reviveu;tinha sido perdido e foi reencontrado".E começaram a festa.
  •      É esta festa maravilhosa que estamos vivendo nesta Quaresma.Não estranhe:eu sei que a Quaresma é tempo de  penitência e conversão,mas acima de tudo,este é o tempo privilegiado em que o Pai está de braços abertos esperando cada um de Seus filhos.
  •      Não duvide:muitos e muitos filhos haverão de voltar.Muito mais do que imaginamos .Filhos dos quais você e eu não teríamos nenhuma esperança de retorno...Mas o Pai sempre os esperou e esperou de braços abertos.Ele tinha esta certeza:"É meu filho,ele vai voltar.Mesmo que demore,ele vai voltar...Por isso eu estarei aqui de braços abertos,esperando por ele".
  •      Eu lhe garanto:não serão poucos os que estarão voltando nesta Quaresma...Por quê? Porque o Pai os está esperando.Porque agora é o tempo da Misericórdia.É o tempo favorável.É o dia da salvação.Estamos no tempo da Misericórdia.Por isso,cada vez mais gente estará voltando.O Pai tomou a iniciativa e mandou buscá-lo nas esquinas e nas encruzilhadas da vida,nas sargetas e até mesmo nas latas de lixo deste mundo.Será uma multidão de filhos tomando de assalto a casa e o coração do Pai.
  •      Encha-se de esperança.É a hora da graça para aqueles que você ama e quer de volta,mas agora estão vivendo anida como filhos pródigos.Nesta hora o nosso olhar e a nossa esperança não estão no filho rebelde que resiste em voltar,mas no Pai que o espera de coração aberto.Reze.Reze muito,porque a hora da graça chegou e chegou para ficar.
  •      Fazer um retiro na Quaresma é uma maneira maravilhosa de fazer a graça chegar até os seus entes queridos que precisam de conversão.É interessante:você faz o que está na proposta do retiro e, pelos caminhos imprevisíveis da Divina Misericórdia,a graça da conversão vai chegar á pessoa que você tento almeja.
  •      Anime-se.Você vai tocar os pródigos que só a Misericórdia do Pai é capaz de realizar.E nós?É claro,nós também precisamos voltar para o coração do Pai.Talvez,graças a Deus,não estejamos tão longe,mas precisamos voltar e saborear o gosto da volta.Não podemos ser como aquele irmão mais velho.Você  e eu precisamos experimentar a Misericórdia do Pai que nos quer mais perto dEle a partir desta Quaresma.
  •      Volte.O Pai espera por você também!               Monsenhor Jonas Abib

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

                                                  QUEREMOS VER JESUS

                                                 O cachorro e a raposa
    Ao caçar uma raposa,o cachorro que a vê,imediatamente se precipita em sua direção.Mas, a raposa é ágil e muito esperta.Começa,então ,uma fuga e uma busca desenfreadas.
     Os outros cães não viram a raposa.Ouvindo,porém,os latidos do companheiro que a viu e a persegue,se põem a correr e a persegue,se põem a correr e a  perseguí-la também.Capturar uma raposa não é algo simples.Pouco a pouco ,cada um daqueles cães vai se cansando...E,desanimado,fica para trás.Somente aquele cão que a viu,é que continua incansável  na busca,até capturar sua presa  e trazê-la vitorioso,entre os dentes.
     A moral da historinha encantadora é surpreendente:também não basta correr atrás de quem viu ,é preciso ver  também.
     Somente quem vê consegue chegar até as últimas consequências,sem desanimar pelo caminho,sem voltar atrás.
     Não basta seguir aqueles que tiveram a graça de um encontro com Jesus.É preciso encontrá-Lo também.É uma experiência pessoal.A experiência dos outros nos edifica.Mas é preciso que cada um receba a graça do seu encontro pessoal com Jesus.E esse encontro acontece para cada um de maneira diferente.A experiência não se repete.É totalmente pessoal.
     E todo aquele que passou pela experiência de um encontro com Jesus é como aquela cão que viu a raposa.Ele,e somente  ele,consegue ir até o fim,transpondo todas asa barreiras.
     Nada vai nos segurar !!!!!!!
              ORAÇÃO PARA  SER REZADA ÁS TRÊS HORAS, NA SEXTA-FEIRA SANTA Á     NOSSA SENHORA AO PÉ DA CRUZ


     1- MÃE SANTÍSSIMA,pela necessidade que tiveste perto do arvoredo da bela CRUZ,que com grande dor e sentimento em VOSSO CORAÇÃO, disseste:
     _FILHO MEU! QUEM VOS DESCERÁ DA CRUZ?
     Assim como VÓS  fostes socorrida pelo PAI  ETERNO, socorrei-me no que vos peço (aqui faz-se o pedido).
     Reza-se 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai

     2-MÃE SANTÍSSIMA ,pela necessidade que tiveste perto do arvoredo da bela CRUZ,que com grande dor  e sentimento em VOSSO CORAÇÃO, disseste:
     _FILHO MEU! ONDE VOS AMORTALHAREI  EU?
     Assim como Vós foste socorrida pelo PAI ETERNO, socorre-me no que vos peço (aqui faz-se o pedido)
     Reza-se 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai.

  3-MÃE SANTÍSSIMA,pela terceira necessidade que tiveste perto do arvoredo da bela CRUZ, que com grande dor e sentimento em VOSSO CORAÇÃO,disseste:
     _FILHO MEU! ONDE VOS SEPULTAREI, EU?
     Se o meu coração fosse brando e limpo,eu vos ofereceria para sepulcro de VOSSO FILHO,mas ele é tão indigno,que não me atrevo a oferecer-vos,mas assim como Vós fostes socorrida pelo PAI  ETERNO,socorrei-me no que vos peço (aqui faz-se o pedido) .
     Reza-se 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai.
    Amém !

domingo, 12 de fevereiro de 2012


  •                        "Se me pedirdes alguma coisa em meu nome,eu a farei"(João 14:14)

  •     Uma dinâmica para o inicio da catequese (usei o ano passado,é da apostila da catequese da Paróquia),gostei muito e as crianças adoraram e ficaram surpresas  com o resultado.

  •         Material necessário
  • 2 cadeados
  • 3 chaves velhas de tipos diferentes
  • 1 porta-jóias(pode ser substituído por caixinha de papelão revestida de papel amarelo).
  • 7 a 8 tipos de jóias ou bijouteirias (podem ser anéis,pedras preciosas,colar de pérolas,etc.).

  •         Modo de preparar 
  •                                                                                                       
  •  Coloque as jóias na caixa.Caso utilize a caixa de papelão,tente fechá-la colocando uma alça na tampa e na caixa para fechar com o cadeado.Caso utilize um porta-jóias com chave,será necessário apenas um cadeado.Coloque etiquetas em cada chave,com as seguintes inscrições:DINHEIRO,FAMA,POBREZA.Coloque etiquetas também em cada jóia. As etiquetas das jóias devem conter as seguintes inscrições:"Ajuda na angústia","Perdão","Saúde","Força".

  •        Nota
  •   A chave que abre a caixa ou o cadeado que tranca a caixa deve conter uma etiqueta com a palavra ORAÇÃO.

  •       Mensagem
  • Mostre um cadeado e sua forma de fechadura.Enquanto você abre e fecha esse cadeado com a própria chave dele,explique que existem muitas outras fechaduras que necessitam das suas chaves próprias para que possam ser abertas ,como por exemplo:a porta da nossa casa, a fechadura do carro,a fechadura da mala,da loja .do portão,etc.
  •    Há ,porém um tipo de fechadura bem diferente dessas que aqui se encontram.Essa fechadura necessita de uma chave diferente também.É a fechadura do maravilhoso tesouro de Deus(coloque o porta-jóias sobre a mesa e não mostre a chave)
  •     Bem,es este pota-jóias fosse o tesouro de Deus e você necessitasse de uma ou mais bençãos,como ajuda na angústia,perdão ou força,como você poderia ter acesso a essas coisas?
  •     Será necessário uma chave especial,uma chave própria para abrir esse tipo de fechadura(mostre que a caixa está fechada).
  •    Vamos tentar agora descobrir qual é a chave especial que necessitamos para abrir o maravilhoso tesouro de Deus.
  •  Primeira chave-   O    DINHEIRO  pode comprar as bençãos de Deus?(tente a chave na fechadura).O dinheiro nunca pode comprar o perdão ou a ajuda de Deu s em tempo de angústia ou necessidade.
  • Segunda chave-FAMA
  •      Algumas vezes você vê o filho de uma pessoa famosa e imagina que que a chave da fama irá abrir a caixa do tesouro.Talvez seja o filho dO  prefeito ou do presidente,porém, ter pais famosos não irá abrir o cadeado.
  • Terceira chave-POBREZA
  • A pobreza irá abrir  o tesouro?Não.O fato de ser pobre não implica em que o cadeado abra a caixa do tesouro.
  •      Há apenas uma chave que pode abrí-la.É a chave da ORAÇÃO (segure a chave correta,rotulada com a palavra ORAÇÃO ).
  •     Comente,em poucas palavras,como Elias usou a chave de oração para provar que  Deus é o único Deus verdadeiro(I Reis 18:17-36)  e como a igreja orou pela libertação de  Pedro(Atos 12:5-12). 
  •      (Abra a caixa e mostre algumas jóias que ela contém e leia as etiquetas coladas nessas jóias.)Jesus disse:"Se me pedirdes alguma coisa em meu nome,eu a farei" (João 14:14).
  •      Primeiramente,peça para as meninas lerem o verso,(a etiqueta)depois para os meninos

  •          REFLEXÃO

  •      A oração é a forma que temos para comunicarmos com Deus.Essa comunicação é tão importante como uma chave é para a sua fechadura.Através da oração,podemos abrir diferentes caminhos para a nossa vida,pois estaremos entregando nas mãos de Deus as  nossas maiores necessidades.Devemos,portanto,falar com o nosso Deus diariamente e entregar a Ele a nossa vida.Então Ele abrirá a caixa dos tesouros de Seu infinito amor,para colocá-los á nossa disposição.
  •      Vocês gostariam de falar com Deus diariamente ? Orem sempre.A Bíblia nos aconselha:"Orai sem cessar" (Tessalonissenses 5:17 ).Isso não quer dizer que devemos estar ajoelhados o tempo todo,mas sim,que devemos estar em comunhão constante com Jesus,recorrendo a Ele sempre que precisarmos,não importa o local,tendo a certeza da Sua companhia ao nosso lado,constantemente,para nos animar e ajudar.Esse é o privilégio que tem todo fiel seguidor de Senhor Jesus,pois Ele está sempre pronto a ouvir a aqueles que O buscam.






quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


CATEQUESE MISTAGÓGICA
A CATEQUESE MISTAGÓGICA
Pe. Roberto Nentwig
Regina Menon
1.          Por que falar de mistagogia?
O tema mistagogia aparece em um momento de urgência de renovação da Igreja e de nossas práticas evangelizadoras.
As vozes do documento de Aparecida ainda ecoam em nossos ouvidos, proclamando a necessidade de deixar uma pastoral de mera conservação, avançando para a renovação das estruturas eclesiais (DAp 366-368). Diante do indiferentismo religioso, da falta de consciência cristã dos batizados e da grande massa de católicos que buscam nossas comunidades como “fregueses” dos serviços eclesiais, faz-se necessária uma renovação de métodos. Na catequese, não podemos mais nos contentar com a falta de engajamento dos muitos que recebem os sacramentos de iniciação e depois somem da Igreja.
Diante de tal realidade com a qual se depara nossa prática pastoral, precisamos tomar consciência de que estamos em tempos de evangelização. Tempos em que urge o primeiro anúncio da alegre boa nova, levando nossos interlocutores ao encontro pessoal com Jesus Cristo, na adesão ao seu Reino. É urgente uma catequese mistagógica que resgate os tempos áureos dos primeiros séculos para renovar a prática catequética.
2.          O que é mistagogia?
Mistagogia é um termo grego que significa “conduzir ao mistério”. Segundo Pe. Gilson Camargo, é possível traduzir o termo por “ter domínio” do mistério. É evidente que esta expressão precisa ser bem interpretada, já que Deus não é alguém que dominamos, além do que a vida nele é uma graça, não depende somente de nossos esforços. Um cristão mistagogo tem intimidade com o mistério divino e deixa transparecer Deus de modo simples e fácil.
Cabe explicitar que este “mistério” não é um segredo inatingível. O Novo Testamento define “mistério” como o desígnio divino oculto em Deus desde todos os séculos (Ef 3,9), agora revelado em Jesus Cristo (Cl 1,26-27). Portanto, ser conduzido ao mistério é encontrar-se com a pessoa de Jesus Cristo, acolhendo o desígnio do Pai (a salvação) na força do Espírito Santo. A experiência cristã, portanto, não é um sentimentalismo vazio, nem um mero aprendizado teórico, mas a experiência viva que leva o fiel a aderir ao Reino de Deus, o projeto do Pai, em comunidade, assumindo a dinâmica renovadora da Páscoa: o mistério de morte e ressurreição (Rm 6,8-11; Fl 3,10-11).
O termo mistagogia designa o último tempo do processo catecumenal. Trata-se de um tempo que valoriza muito a liturgia do Tempo Pascal, com a finalidade de fazer o neófito experimentar a Páscoa do Senhor e sentir-se acolhido pela comunidade da qual começou a fazer parte pelos sacramentos. Na Igreja antiga, as catequeses mistagógicas tinham a finalidade de levar os neófitos a aprofundar os sinais que foram manifestos na recepção dos sacramentos da iniciação.
Ao tratarmos de mistagogia na catequese, no entanto, não estamos falando de um tempo determinado, pois todo o processo catequético deve ser permeado pela mistagogia, ou seja, deve ter a finalidade de levar Deus ao coração e à vida dos interlocutores.
3.          Caminhos mistagógicos
Destacamos três caminhos que contribuem para uma catequese mistagógica: a Palavra, a liturgia e a oração.
a) Palavra. Tanto a tradição da Igreja como as Escrituras são fontes da Palavra de Deus. Sobretudo, destaca-se a Bíblia, “livro por excelência da catequese”, como fonte primordial da atividade catequética. Ainda carecemos de uma catequese mais bíblica, do uso frequente da Escritura nos encontros, de uma intimidade maior no uso da Bíblia por parte do povo católico.
Os documentos da Igreja têm insistido sobre a prática da leitura orante, como um caminho eficaz para o uso da Escritura na pastoral. A lectio divina destaca-se como um método de leitura orante em consonância com a grande tradição da Igreja. Inspirada na oração dos monges, conserva quatro passos que remontam ao monge Guido (séc. XII), escritor do livro A escada dos monges (BOFF, 2006):
- Ler: leitura calma, pausada, procurando saborear cada palavra;
- Meditar: como a Palavra aplica-se na vida da pessoa;
- Orar: deixar a oração, a prece, o louvor brotar da Palavra;
- Contemplar : sentir-se amado por Deus. Os místicos falam deste estágio como o mais elevado, como total entrega a Deus.
Esses degraus não precisam ser necessariamente justapostos (vir um após o outro). É importante que primeiro se faça a leitura e, depois, deixe brotar a oração de acordo com a inspiração do Espírito e as características próprias do grupo.
b) Liturgia. A liturgia, por si só, tem uma dimensão catequética. As celebrações, com sua riqueza de palavras e ações, são uma verdadeira “catequese em ato” (CR 89).“Embora a sagrada Liturgia seja principalmente culto da majestade divina, é também abundante fonte de instrução para o povo fiel” (SC 33). Uma celebração bem preparada, participada e adaptada à realidade com verdadeira dignidade e cheia do verdadeiro sentido litúrgico, educa na fé, recorda os seus conteúdos centrais, renova o ideal de vida cristã e incrementa a consciência de pertença eclesial. Pela ação do Espírito Santo, a liturgia alimenta e estimula ao compromisso com a vida.
Há uma contínua união entre Palavra e símbolo, colaborando para que o conteúdo da fé seja interiorizado, não permanecendo como uma mera teoria: “O rito, ao envolver a pessoa por inteiro, marca mais profundamente do que uma simples instrução e interioriza o que foi aprendido e proclamado, realçando a dimensão de compromisso” (IVC 44). Na liturgia há o envolvimento corporal por cantos, gestos, vozes, silêncio, de modo que a união entre atitudes do corpo, símbolo e Palavra contribuam para uma experiência mais concreta do mistério:
Na liturgia conjuga-se 'o que se diz' e a 'maneira de dizer'. Gestos e palavras transmitem seu sentido no próprio ato. Por isso mesmo são até mais expressivos do que discursos e ensinamentos. (…) Mais do que compreender por intelecção o importante é que se experimente algo do mistério pascal de Cristo. Se celebrado com intensidade e profundidade não haverá risco da banalização repetidora (PERUZZO, 2010, p. 33).
O Diretório Nacional de Catequese corrobora esta ideia, afirmando a necessidade de um itinerário catequético que inclua um itinerário celebrativo como componente indispensável (DNC 118):
As festas e as celebrações são momentos privilegiados para a afirmação e interiorização da experiência da fé. O RICA é o melhor exemplo de unidade entre liturgia e catequese. Celebração e festa contribuem para uma catequese prazerosa, motivadora e eficaz que nos acompanha ao longo da vida. Por isso, os autênticos itinerários catequéticos são aqueles que incluem em seu processo o momento celebrativo como componente essencial da experiência religiosa cristã. É esta uma das características dadimensão catecumenal que hoje a atividade catequética há de assumir.
Toda a atividade da Igreja tem suas forças arraigadas na liturgia. A catequese deve conduzir à vivência litúrgica, pois esta sintetiza a experiência cristã. Sobretudo aqui, destaca-se o uso de símbolos e gestos litúrgicos, pois estes afetam áreas do ser humano que o conteúdo racional não alcança. Uma catequese mais celebrativa e orante traz a força do significado dos ritos, conduzindo os interlocutores, de modo eficaz, à vivência do Evangelho.
c) Oração. A catequese deve ser “permeada por um clima de oração” (DGC 85). O encontro catequético não deve parecer uma aula ou palestra, mas ser um espaço aberto para o diálogo com Deus. Qualquer conteúdo exposto deve ser interiorizado pela prece, sobretudo valorizando a espontaneidade e a criatividade. Hoje muitos cristãos rezam somente fazendo pedidos. É preciso que nossos catequizandos exercitem a oração como meio para experimentar o amor de Deus, acolhendo o mistério divino de um modo afetivo.
Já falamos da importância da Sagrada Escritura como caminho mistagógico. A Bíblia é a principal fonte da oração: o fundamental é partir da leitura do texto sem a pretensão de encontrar verdades, mas para acolher o sentido espiritual. Depois da leitura, muitos são os caminhos que nos ajudam a orar: repetir as frases do texto pausadamente (pedir que o grupo repita), cantar refrões, fazer preces espontâneas... Convém, seguindo a tradição da Igreja, concluir o momento orante com um Pai-Nosso, reunindo todas as preces. Um caminho por vezes esquecido é o silêncio. É preciso deixar Deus falar, imaginando-se, por exemplo, no cenário do texto lido (método Jesuíta). Enfim, o importante é que a Palavra seja o guia mestre de nossa oração.
4.          O catequista mistagogo
O catequista mistagogo é um instrumento que facilita o encontro dos seus catequizandos com o mistério divino. A Palavra tem forte relação com o seu proclamador. No contexto da revelação, não basta saber com exatidão o que é pronunciado, mas é preciso conhecer quem comunica, pois quem enuncia é também mensagem.
A força reveladora e realizadora da Palavra de Deus são evidenciadas na catequese. Também o catequista, seguindo a lógica da revelação, não apenas transmite verdades, mas revela o próprio Deus. Para que este mistério aconteça com eficácia, o catequista não fala de si mesmo, mas a partir do seu encontro com o Senhor, de sua experiência, de sua vida.
Catequese significa fazer ecoar. Ela será um verdadeiro eco da Palavra de Deus se o catequista deixar transbordar do seu interior aquilo que nele está repercutindo. Aquele que ouve, por sua vez, acolhe em seu coração este transbordamento e passa a também ser um eco da mesma Palavra.
São Paulo nos diz que somos um texto vivo da Palavra; “Sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo” (2Cor 3,3). O catequista, portanto, é uma carta de Deus, em texto vivo. Fala mais pela sua vida do que por suas palavras, comunica mais com o seu jeito de ser, com sua alegria e amor do que com suas ideias. Por isso, para catequizar, o catequista deve se deixar escrever pelo Espírito Santo. Deixará que o amor seja impregnado em seu coração, lembrando que este é um mistério para os simples: “Eu te louvo, ó Pai, porque escondestes estas coisas dos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25).
Portanto, o catequista mistagogo é aquele que se encontrou com o Senhor, assumiu o seu projeto em sua prática de vida e deseja, por um ímpeto interno, anunciar a experiência realizada (1Cor 9,16), além de não descuidar da formação continuada. Não basta mudar os métodos se não houver catequistas que transmitam a verdadeira experiência de encontro com Cristo.
5.          Elementos para uma catequese mistagógica
Não se pode falar de mistagogia sem abordar o processo catecumenal. O catecumenato foi resgatado como forma ordinária de iniciação de adultos, seguindo a metodologia do RICA. Sua eficácia evangelizadora fez dele um modelo inspirador para outros processos catequéticos, como afirma o Diretório Geral para a Catequese: “Dado que a missão ad gentes é o paradigma de toda a missão evangelizadora da Igreja, o Catecumenato batismal, que lhe é inerente, é o modelo inspirador da sua ação catequizadora” (DGC 90). O Diretório Nacionaltambém afirma: “é a inspiração catecumenal que deve iluminar qualquer processo catequético” (DNC 45). Assim, é nossa missão construir itinerários de educação na fé de inspiração catecumenal. Deste modo, estaremos favorecendo uma catequese mistagógica
Para alcançar este objetivo, é preciso conhecer a metodologia catecumenal. São características essenciais da metodologia catecumenal: seu caráter cristocêntrico e gradual, a função eclesial, a centralidade do mistério pascal, a inculturação, a formação intensa e integral vinculada a ritos e símbolos (IVC 72-73).
Portanto, um itinerário catequético catecumenal e, consequentemente mistagógico, não é uma repetição do que nos é proposto pelo RICA, mas a aplicação criativa da metodologia catecumenal. Seguem algumas pistas que podem nos ajudar.
- Realizar encontros celebrativos: os gestos, os ritos, os sinais da liturgia são bem vindos na catequese. Comunicamos mais dos mistérios divinos pelo uso de sinais do que pelo enunciado de teorias.
- Aproximar os catequizandos da liturgia: é preciso que compreendam e se apaixonem pela liturgia, sobretudo pela participação ativa das celebrações eucarísticas.
- Realizar celebrações catequéticas. É muito oportuno fazer com os catequizandos algumas celebrações da Palavra, convidando os familiares, reunindo outras turmas. Os próprios catequistas podem conduzir estes momentos, inspirando-se nos conteúdos catequéticos, valorizando e partindo sempre da Proclamação da Palavra – da palavra brota a oração em comunidade.
- Realizar celebrações de entrega e ritos de passagem. É preciso resgatar o sentido da gradualidade do processo catequético presente no catecumenato. O catequizando deve sentir que ele avança a cada dia no caminho. A realização de algumas celebrações de passagem pode ajudar neste sentido. Aqui merecem destaque as entregas, tão valorizadas no catecumenato: pode haver uma celebração festiva, com toda a comunidade, com a entrega de um símbolo para cada etapa do itinerário: a Bíblia, o Pai Nosso, o Credo, a Cruz, as Bem Aventuranças... Outras celebrações também são carregadas de significado: celebração de acolhida (no início das atividades catequéticas, com as famílias), celebração de envio... Convém que as celebrações de entrega aconteçam na celebração eucarística, com a assembleia reunida. Deste modo, intensifica-se a consciência da participação comunitária.
- Valorizar o tempo litúrgico. É preciso retomar toda a riqueza do Ano litúrgico e a centralidade do Mistério Pascal. O tempo da Quaresma, com sua riqueza, é um forte momento para se vivenciar a fé por gestos concretos, principalmente aproveitando-se a Campanha da Fraternidade. Não esqueçamos também do apelo à oração, das celebrações penitenciais, via sacras... O Tempo Pascal é o centro do Ano Litúrgico. Convém que a iniciação eucarística e a Confirmação sejam celebradas neste tempo, vinculando-os ao sentido da vida nova que brota da Ressurreição do Senhor.
- Conduzir os catequizandos para a participação em atividades evangélico-transformadoras. Não podemos nos esquecer de que a mistagogia é uma educação para o viver cristão. Não basta a Palavra, a liturgia e a oração se não nos convertemos. Assim, é muito oportuno que os catequizandos realizem atividades que os eduquem para a caridade e o compromisso social, como atividades em prol da ecologia, visitas em instituições sociais, campanhas, etc.

Uma catequese mistagógica necessita de agentes mistagogos. Que pela graça do Espírito, sejam suscitados pessoas que deixem transbordar do seu interior o encontro decisivo com o Cristo, Senhor, na adesão ao seu Reino. Só assim, teremos uma catequese viva, mais querigmática, bíblica, celebrativa, orante e mistagógica!
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                                               A LEITURA DIVINA
                       A Bíblia foi escrita para você
     A Igreja há muito tempo dá ao Estudo Bíblico o nome de Lectio Divina,para não deixar que o fiel recorra aos textos sagrados friamente como quem lê um livro didático ou científico.A Leitura Divina é um caminho de conhecimento e encontro com o próprio Deus na Palavra:"é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus,mas também de criar o encontro com Cristo,Palavra divina viva".(Verbum Domini-n.87).
     Assim,iniciaremos de uma forma muito simples,porém não menos profunda nossa experiência mensal com a Palavra.Diante de um texto bíblico,sugiro a você que seja retirado da liturgia da missa dominical,vamos nos debruçar sobre a leitura do Evangelho.É  necessário um espaço de oração e recolhimento para que a leitura não seja fria e automática.Lembre-se que,que você está se preparando para ouvir Deus e não simplesmente ler um jornal.Faça uma leitura,primeiro em voz alta e, em seguida,repita a leitura agora somente com os olhos e preste atenção nas palavras do texto.
Um breve mimento de silêncio vai certamente deixar que essa Palavra cresça dentro de você.
     Com uma caneta ou lápis na mão você vai buscar destacar nessa texto se existem promessas de De us(1),coisas que Deus promete aos seus filhos.Depois vamos voltar ao texto e destacar se existem ordens de Deus(2) para você,imperativos que devemos viver ou fazer.Assim você estará pronto para colher do texto qual é a mensagem de Deus para você(3) naquele texto.Bom,e se  você acolheu essa mensagem,é importante responder a Deus,então você deve elaborar uma forma de como aplicar essa mensagem de Deus concretamente na sua vida(4) .Tudo isso deve ter um espaço de no mínimo trinta minutos,que depois poderá se estender de acordo com a sua realidade.Antes de encerrar essa experiência de Lectio Divivna,uma vez que você estará cheio dessa Palavra,faça uma oração espontânea de resposta a Deus e ,claro,cultive um momento fecundo de silêncio,contemplando o que Deus  falou ao seu coração(5).Guarde esses cinco passos da Lectio Divina e procure aplicá-los no texto do Evangelho da missa do próximo domingo.Você certamente fará uma nova experiência com a Palavra de Deus.
    Quando você pegar o gosto por esta prática espiritual,não vai deixar de fazê-la um só dia!
     Mãos á obra,ou melhor,mãos na Bíblia.Deus te abençoe!
Senhor,te peço pela minha missão de catequista que eu possa ser disponível,aberta e sensível aos meus catequizandos e permita que a fé que eu tenho em Ti ,me faça caminhar sempre em tua direção.Amém.


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O que é fé?

A fé é a coisa mais simples e evidente do Novo Testamento
Quando se pergunta o que é a fé, é necessário considerar a existência de seus vários tipos, por exemplo, a fé-assentimento da inteligência, a fé-confiança, a fé-estabilidade. Mas, no nosso caso, podemos nos ater àquela que nos possibilita aceitar a salvação que Jesus nos deu. Antes de mais nada é importante dizer que a fé é um dom de Deus, um presente para aqueles que lhe abrem o coração.
A fé é a coisa mais simples e evidente do Novo Testamento – é uma pena que muitos só a descobrem no fim de sua vida – no fundo, trata-se simplesmente de dizer um “sim” a Deus. Deus criou o homem livre para que pudesse aceitar livremente a vida e todo o dom que vem d’Ele. Deus esperava que o homem se aceitasse como uma criatura e respondesse com um “sim” ao seu plano de amor, mas ao invés disso, recebeu um “não”, que configura todo pecado – pois, na verdade, o pecado nada mais é do que o “não” da criatura ao Criador, um rompimento com o seu Senhor. Porém, Deus, que não encontra limites em seu amor e sua bondade, oferece ao homem uma nova oportunidade, uma nova chance de ser feliz e de se realizar, perguntando-lhe: “Você aceita a salvação que o meu Filho trouxe, aceita ser curado de todos os seus males e libertado de tudo o que o oprime para viver uma vida nova em Jesus?”
Ter fé significa dizer-lhe “sim, aceito!”. Quando isso é dito do fundo da alma, com toda sinceridade, nasce uma nova criatura. O homem nasce de novo no exato momento em que Jesus dá a sua vida por ele, e Jesus morre por ele, naquele momento em que ele reconhece a salvação e se torna consciente da vida nova que lhe foi proporcionada pelo sacrifício do Senhor.
A fé se manifesta pelo “sim” livre e consciente que o ser humano dá a Deus como resposta à sua proposta de salvação.
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Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com
Missionário da Comunidade Canção Nova, formado em teologia, autor dos livros "Quando só Deus é a resposta" e "Vencendo aflições, alcançando milagres".